terça-feira, 28 de outubro de 2008

Dica de Leitura

“Os passeios pelo parque Steglitz eram um bálsamo.
E as manhãs, tão doces...
Casais precoces, casais parados no tempo, casais que ainda não sabiam que eram casais, velhos e velhas com mãos cheias de histórias e rugas cheias de passado procurando cantos de sol, soldados com galas de distinção, criadas de uniforme impecável, babás com meninos e meninas vestidos com esmero, casais com filhos recém-nascidos, casais com sonhos recém-destruídos, solteiros e solteiras de olhar esquivo, solteiros e solteiras de olhar insinuante, guardas, jardineiros, ambulantes...
O parque Steglitz transpirava vida naquele início de verão.
Um presente.
E Franz Kafka a absorvia, como uma esponja, viajando com os olhos, atraindo energias com a alma, perseguindo sorrisos por entre as árvores.”

Este é o primeiro parágrafo de uma pequena jóia da literatura juvenil escrita por Jordi Sierra i Fabra chamada Kafka e a Boneca Viajante. Peguei este livro na estante da Livraria para passar o tempo, sem nenhuma expectativa, mas depois de ler esta descrição dos frequentadores do parque não consegui fechá-lo antes de acabar de ler a última página.
Jordi Sierra i Fabra recebeu o Prêmio Nacional de Literatura Infantil e Juvenil de 2007, concedido pelo Ministério da Cultura da Espanha, ao recriar as cartas nunca encontradas que Kafka teria escrito a uma menina que havia encontrado chorando a perda de sua boneca em um parque de Berlim. Segundo Dora Dymant, companheira do famoso escritor, durante três semanas Kafka se transformou num “carteiro de bonecas” escrevendo e entregando à menina as cartas que contam as peripécias de sua boneca pelo mundo.
Kafka e a Boneca Viajante (Martins Editora) é uma boa dica de leitura para quem aprecia uma história simples, humana, delicada, contada com grande sensibilidade e que nos apresenta uma outra faceta do autor de A Metamorfose..

Um comentário:

Anônimo disse...

Patricia! Agora fiquei curiosa... quero ler esse livro!

Beijos