As perguntas mais freqüentes quando vou apresentar a Livraria Ambulante à direção ou coordenação pedagógica de uma escola são: “Quais as atividades que vocês desenvolvem com os alunos? Vocês trazem um autor?” (e todas querem autores muito conhecidos, como Ziraldo). A escola cobra atividades para justificar (muitas vezes aos pais) o tempo dispendido na Livraria, com o "sacrifício" do tempo de aula.
Pensando em todas as atividades que desenvolvemos (contação, criação, debates, bate-papo com autor), acho que a mais importante, em todas as escolas onde estivemos, foi o nosso próprio depoimento como leitores apaixonados. Quando em rodas de conversa ou em conversas individuais contamos nossas próprias experiências como leitores, seja de infância, adolescência ou idade adulta, lembramos livros que nos marcaram, a tristeza e o vazio ao chegar ao final de um livro especial (que no meu caso me faz desacelerar a leitura nos últimos capítulos), a mistura de surpresa, angústia e cumplicidade ao se ver refletido num personagem ou numa história, acabamos despertando algo nos jovens leitores - seja lembranças de livros que marcaram, seja a vontade de experimentar essas mesma sensações por nós relatadas.
Mas sabe de qual atividade os leitores de qualquer idade mais gostam na Livraria? Surpresa: é andar pela Livraria, pegar um livro, abrir e descobrir o que ele tem a dizer. Não precisamos inventar mil encontros com autor, intermináveis contações de histórias, momentos de ilustração de livros... apenas precisamos dar tempo ao leitor para procurar, flertar e escolher seu livro.
sábado, 6 de setembro de 2008
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2 comentários:
Dentro de um livro tem o mundo inteiro. Imagine quantos mundos não existem espalhados por todas as páginas de todos os livros do mundo... Parece que algumas crianças sabem disso.
Estimular a apreensão de todos estes mundos é a melhor coisa que vcs podem fazer pelos pequenos. Fizeram isso por mim e hj só tenho a agradecer às pessoas que tiveram paciência em dividir sua paixão.
Parabéns pela iniciativa, Paty!
Estava aqui lendo uma revista e de repente me deparei com tal informação: Uma das revelações mais surpreendentes da pesquisa Retratos da Leitura do Brasil divulgada em maio pelo Instituto Pró Livro é que o brasileiro já está lendo mais; que boa noticia pensei! até ler um pouco mais e descobrir que os índices de leitura atingem 4,7 livros lidos por habitante/ano, sendo que 3,4 são leituras originadas ou obrigatórias nas escola.
Depois de 2 anos trabalhando na Livraria Ambulante, percebo que sempre vem à tona as mesmas perguntas: qual a função da literatura? Qual o papel da escola? Há livros bons, mais adequados? Todos devem apreciar o mesmo tipo de texto? Será que na escola haveria lugar, ao lado da literatura obrigatória dos clássicos ou da literatura consagrada, para a leitura dos livros preferidos dos alunos?
Moacyr Scliar diz: “A casa da leitura tem muitas portas, e a porta do prazer é das mais largas e acolhedoras”. E o projeto nada mais tem sido do que criar uma oportunidade no ambiente escolar para apresentara uma nova relação leitor – livro que é a do prazer e não do “tem que”. Tratando-se de jovens leitores, nada melhor do que apresentarmos a leitura como um convite amável não como uma tarefa, como uma obrigação, que no fim acaba transformando muitas vezes a leitura num trabalho árido, quando não penoso.
Ainda tratando do prazer que a leitura nos deve proporcionar Lucilia Garcez diz: “O interesse pela leitura é desenvolvido de acordo com as oportunidades de leitura prazerosa surgidas durante a vida. É necessário que a leitura seja uma experiência gratificante, que o leitor descubra que a leitura responde a um desejo interior.
E para finalizar e deixar esse recado para que pensemos melhor, professores, diretores, pais, leitores assíduos, leitores não tão assíduos, mas que buscam a leitura: “Tudo depende da forma como se apresenta o livro” - Antonio Candido.
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