sábado, 31 de janeiro de 2009

A angústia de um fim, e o recomeço da busca

Estou lendo um livro em alemão que ainda não foi lançado no Brasil (infelizmente), “O fim é o meu começo” (Das Ende ist mein Anfang). O texto, originalmente escrito em italiano, é a biografia de Tiziano Terzani, que por 25 anos foi correspondente da revista alemã Der Spiegel em diversos países da Ásia. O texto é o resultado de diversas conversas entre Tiziano e seu filho, pouco antes da morte do jornalista decorrente de um câncer.
Acompanhando a vida deste jornalista desde sua infância até sua morte, passando pela sua experiência na guerra do Vietnã, na queda do comunismo, no início da abertura da China, no Japão, na Tailândia, na Índia..., descobre-se um ser humano intenso, divertido, espiritualizado, apaixonado pela História e pelo Homem, que percorre a Ásia procurando uma alternativa para a sociedade materialista e desumana em que se transformou o Ocidente. Mais que isso, procurando as respostas às suas angústias pessoais.
Ainda não cheguei ao fim desta jornada e confesso que não tenho pressa em fazê-lo. Sempre que tenho em mãos um livro apaixonante, arrebatador como este, fico num grande dilema. Por um lado tenho vontade de passar o dia todo devorando-o, por outro adio ao máximo o fim, o momento da despedida, aquele vazio que sinto quando acabo de ler a última página e que só é preenchido quando encontro outro livro “especial” (isto às vezes pode demorar mais de um ano). No caso do livro de Tiziano, a angústia de chegar ao fim é maior, porque o livro é emprestado! Imagine, depois de lê-lo terei de devolvê-lo! Não poderei mantê-lo ao meu lado no criado mudo por um tempo como fiz com outros, como “Quando Nietzsche chorou” e “A menina que roubava livros”. Folheá-lo de vez em quando, relembrando (e às vezes relendo) as partes que mais me tocaram, sentindo sua companhia mesmo que “em silêncio”. Cheguei mesmo a pensar em oferecer ao dono a possibilidade de compra.
Será que é loucura o grau do meu envolvimento com estes objetos inanimados? Será que sou a única a sofrer deste mal (ou deste bem!)?

Um comentário:

Liv disse...

Nossa, Patricia... o enredo é muito interessante. Espero que esse livro seja lançado por aqui.

E é engraçado como ficamos "órfãos" de alguns livros logo que terminamos de lê-los. Não sei, deve ter algo a ver com identificação de experiências ou então é algum tipo de força inexplicável que o texto tem sobre nós.
São os livros que nos deixam vazios ao seu final que amamos mais. Sempre.