Estou lendo um livro em alemão que ainda não foi lançado no Brasil (infelizmente), “O fim é o meu começo” (Das Ende ist mein Anfang). O texto, originalmente escrito em italiano, é a biografia de Tiziano Terzani, que por 25 anos foi correspondente da revista alemã Der Spiegel em diversos países da Ásia. O texto é o resultado de diversas conversas entre Tiziano e seu filho, pouco antes da morte do jornalista decorrente de um câncer.
Acompanhando a vida deste jornalista desde sua infância até sua morte, passando pela sua experiência na guerra do Vietnã, na queda do comunismo, no início da abertura da China, no Japão, na Tailândia, na Índia..., descobre-se um ser humano intenso, divertido, espiritualizado, apaixonado pela História e pelo Homem, que percorre a Ásia procurando uma alternativa para a sociedade materialista e desumana em que se transformou o Ocidente. Mais que isso, procurando as respostas às suas angústias pessoais.
Ainda não cheguei ao fim desta jornada e confesso que não tenho pressa em fazê-lo. Sempre que tenho em mãos um livro apaixonante, arrebatador como este, fico num grande dilema. Por um lado tenho vontade de passar o dia todo devorando-o, por outro adio ao máximo o fim, o momento da despedida, aquele vazio que sinto quando acabo de ler a última página e que só é preenchido quando encontro outro livro “especial” (isto às vezes pode demorar mais de um ano). No caso do livro de Tiziano, a angústia de chegar ao fim é maior, porque o livro é emprestado! Imagine, depois de lê-lo terei de devolvê-lo! Não poderei mantê-lo ao meu lado no criado mudo por um tempo como fiz com outros, como “Quando Nietzsche chorou” e “A menina que roubava livros”. Folheá-lo de vez em quando, relembrando (e às vezes relendo) as partes que mais me tocaram, sentindo sua companhia mesmo que “em silêncio”. Cheguei mesmo a pensar em oferecer ao dono a possibilidade de compra.
Será que é loucura o grau do meu envolvimento com estes objetos inanimados? Será que sou a única a sofrer deste mal (ou deste bem!)?
sábado, 31 de janeiro de 2009
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Dica para leitores cinéfilos
Para todos os apaixonados por Almodóvar (como eu!): não deixem de ler "Conversas com Almodóvar" da Editora Zahar!!!! Depois de ter devorado o livro em poucos dias, mesmo com toda a correria de Natal e final de ano, não vejo a hora de rever todos os filmes deste diretor que para alguns (muitos até) é um louco, para outros (como eu!) é um cineasta inteligente, irônico, sensível, imprevisível...profundo conhecedor das paixões e angústias dos seres humanos (especialmente das mulheres)... As entrevistas mostram o amadurecimento e refinamento de Almodóvar desde "Pepi,Luci,Bom" (1980) até "Volver" (2006), o quanto há de intenção e de intuição em cada cena, cada objeto, cada música escolhida para um filme, o porque do destaque dos personagens femininos. Em alguns momentos o leitor ficará em dúvida se o diretor está falando sério, se está apenas querendo provocá-lo ou se está realmente rindo da sua cara, mas se não fosse assim não seria Almodóvar!
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