quinta-feira, 12 de março de 2009

Faxina na estante

Sua estante anda cheia, os livros já começam a se empilhar na mesa de cabeceira, no banheiro, no chão...? Acho que é hora de fazer uma "faxina"! É claro que quando olhamos para certos livros não conseguimos nem imaginar nos separarmos deles, mas muitos outros são do tipo "foi bom enquanto durou".
Mas para quem doar estes livros? Uma boa opção é o Projeto Círculo do Livro, que empresta livros para jovens de 14 a 25 anos, alunos de um dos cursos oferecidos pelo "Lar Meimei" para a comunidade carente da Vila Joaniza e região, em São Paulo. Uma vez por mês o aluno pode escolher livremente um dos livros do acervo e no mês seguinte a classe se reúne para trocar impressões com a mediação de um voluntário. Os jovens leitores se veem de repente como críticos, ao manifestarem sua opinião e recomendarem (ou não) o livro aos colegas, se veem como autores ao imaginar como reescreveriam partes das história, mas principalmente se veem como viajantes num universo de infinitas possibilidades "escondido" entre folhas de papel.
Quem quiser saber mais sobre o projeto e sobre como e quais livros doar, entre em www.circulodolivro.blogger.com.br.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Dica para jovens leitores

Para saber se um livro infantil é “bom”, ou seja se prende a atenção, se desperta o interesse, se estimula a imaginação e reproduz os sentimentos do jovem leitor , nada melhor que fazer uma pesquisa de opinião. Sou privilegiada, pois tenho dentro de casa dois voluntários sempre dispostos a conhecer novos livros e emitir sua opinião sincera a respeito: meus filhos, Alex e Bebel, de quase 9 anos. Segundo estes “especialistas” vale a pena passar algumas noites na companhia de “A Ilha de Nim” , compartilhando os medos e as aventuras desta menina que vive numa ilha distante apenas com o pai e com alguns amigos “diferentes”: uma iguana, um leão marinho, uma tartaruga e um albatroz. Com o desaparecimento do pai e diante de ameaças humanas e naturais, Nim precisa ser mais corajosa que nunca. Por sorte ela conta com a ajuda de seus velhos e novos amigos, assim como com a torcida dos jovens leitores que não descansam até chegar ao final da história.

Ilha de Nim – autora Wendy Orr
Editora Brinque-Book, 2008
117 páginas em 16 capítulos

sábado, 31 de janeiro de 2009

A angústia de um fim, e o recomeço da busca

Estou lendo um livro em alemão que ainda não foi lançado no Brasil (infelizmente), “O fim é o meu começo” (Das Ende ist mein Anfang). O texto, originalmente escrito em italiano, é a biografia de Tiziano Terzani, que por 25 anos foi correspondente da revista alemã Der Spiegel em diversos países da Ásia. O texto é o resultado de diversas conversas entre Tiziano e seu filho, pouco antes da morte do jornalista decorrente de um câncer.
Acompanhando a vida deste jornalista desde sua infância até sua morte, passando pela sua experiência na guerra do Vietnã, na queda do comunismo, no início da abertura da China, no Japão, na Tailândia, na Índia..., descobre-se um ser humano intenso, divertido, espiritualizado, apaixonado pela História e pelo Homem, que percorre a Ásia procurando uma alternativa para a sociedade materialista e desumana em que se transformou o Ocidente. Mais que isso, procurando as respostas às suas angústias pessoais.
Ainda não cheguei ao fim desta jornada e confesso que não tenho pressa em fazê-lo. Sempre que tenho em mãos um livro apaixonante, arrebatador como este, fico num grande dilema. Por um lado tenho vontade de passar o dia todo devorando-o, por outro adio ao máximo o fim, o momento da despedida, aquele vazio que sinto quando acabo de ler a última página e que só é preenchido quando encontro outro livro “especial” (isto às vezes pode demorar mais de um ano). No caso do livro de Tiziano, a angústia de chegar ao fim é maior, porque o livro é emprestado! Imagine, depois de lê-lo terei de devolvê-lo! Não poderei mantê-lo ao meu lado no criado mudo por um tempo como fiz com outros, como “Quando Nietzsche chorou” e “A menina que roubava livros”. Folheá-lo de vez em quando, relembrando (e às vezes relendo) as partes que mais me tocaram, sentindo sua companhia mesmo que “em silêncio”. Cheguei mesmo a pensar em oferecer ao dono a possibilidade de compra.
Será que é loucura o grau do meu envolvimento com estes objetos inanimados? Será que sou a única a sofrer deste mal (ou deste bem!)?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Dica para leitores cinéfilos

Para todos os apaixonados por Almodóvar (como eu!): não deixem de ler "Conversas com Almodóvar" da Editora Zahar!!!! Depois de ter devorado o livro em poucos dias, mesmo com toda a correria de Natal e final de ano, não vejo a hora de rever todos os filmes deste diretor que para alguns (muitos até) é um louco, para outros (como eu!) é um cineasta inteligente, irônico, sensível, imprevisível...profundo conhecedor das paixões e angústias dos seres humanos (especialmente das mulheres)... As entrevistas mostram o amadurecimento e refinamento de Almodóvar desde "Pepi,Luci,Bom" (1980) até "Volver" (2006), o quanto há de intenção e de intuição em cada cena, cada objeto, cada música escolhida para um filme, o porque do destaque dos personagens femininos. Em alguns momentos o leitor ficará em dúvida se o diretor está falando sério, se está apenas querendo provocá-lo ou se está realmente rindo da sua cara, mas se não fosse assim não seria Almodóvar!